Numa entrevista na Folha o Saramago disse que nas décadas de 50 e 60 havia escritores brasileiros que eram lidos com paixão em Portugal, citou Jorge Amado, Graciliano Ramos e Manuel Bandeira, mas que atualmente isso não ocorre com niguém. Eu completaria dizendo que nem no Brasil isso ocorre. Eu não vejo nenhum escritor brasileiro vivo que seja lido com "paixão" por muita gente (Paulo Coelho ???), cujos livros sejam esperados com ansiedade. Eu sempre espero com muita expectativa um novo Vargas Llosa, Philiph Roth ou Coetzee.
Há os "velhos", Rubem Fonseca, Lygia Fagundes Telles e outros, mas sei que há bons escritores novos. Sou ávido leitor, mas não acompanho de perto o "mundo literário brasileiro". Resolvi ir atrás desses novos escritores. Comecei achando alguma "meninas" - são jovens, bonitas, estudadas, viajadas (os personagens também viajam bastante ....), poliglotas, imagino que tenham feito cursos de criação literária nos Estados Unidos ou na Europa. Comecei com a Carola Saavedra e a Adriana Lisboa. O próximo é o Flávio Izhaki e o seu "De Cabeça Baixa" que tem sido muito elogiado. Todos cariocas - paulistas, onde estais ? Quero curtir a vaidade de falar daqui a algum tempo, "eu não disse que era muito bom !!!!".
A minha única previsão que se concretizou nos últimos tempos foi a Bruna Surfistinha. Eu era leitor do site antes dela "estourar" (se é que estourou ....) e saquei que ali havia material para um livro, que alguém ganharia uma grana com aquilo .....
Ecos: década de 80, eu lecionava num supletivo. Alguns professores e a secretária da escola foram a uma Feira do Livro Português. O "Memorial do Convento" do Saramago estava fazendo sucesso, a secretária comprou o livro. "O autor é aquele ali" disse o vendendor apontando o Saramago, " por que você não pede um autógrafo ?". Foram até ele, o Saramago perguntou o nome da secretária, "Inês de Castro" (e era mesmo !!!), respondeu ela para alegria do português, que fez uma bela dedicatória. Eu teria escrito: "Para Inês de Castro, aquela que ainda viva é rainha". A secretária não era tudo isso, mas a dedicatória teria sido boa, ou não ? Eu perdi essa.
Ligações: ignorância minha, será que existe alguma versão romantizada de Inês de Castro. A Wikipédia está aí para isso:
Em 1986, Agustina Bessa-Luís (1922-) publicou as Adivinhas de Pedro e Inês; Outros autores, tais como Luís Rosa e João Aguiar, publicaram livros sobre a trágica vida de Inês de Castro (O Amor infinito de Pedro e Inês e Inês de Portugal, respectivamente).
Algum diretor de cinema brasileiro poderia colocar a Inês de Castro como mulher de um príncipe do tráfico, "Pedrinho da Galega". Baixaria, baixaria .....
Um comentário:
Também tenho essa sensação de que não há mais escritores (ou livros) que se leia com paixão. Mas eu tenho essa mesma sensação a respeito da música e do cinema. Na verdade, acho que estou ficando velho. É isso.
Eu também acompanhava o blog da Bruna Surfistinha antes dela virar celebridade. Ficava intrigado com os textos, achava-os interessantes. Um belo dia, resolvi ligar pra ela (afinal ela fazia programa e seu telefone era disponibilizado no blog) pra conversar. O papo da menina era tão morno que concluí, indubitavelmente, que não era ela, realmente, quem escrevia aquilo.
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